sexta-feira, 1 de março de 2013

#OccupyBuenosAires - A Lenda de Sarandí



Saí de Belo Horizonte para conhecer Buenos Aires e ver o jogo do Galo. Saí de casa com este propósito. Ficou prá trás minha linda esposa, minha filha de quatro patas, minha família, meus amigos, e a escada do Independência. Porém, os objetivos macros se agregaram a uma mistura de cultura e amizades que fizeram desta viagem um tributo à amizade, ao respeito e as culturas da nossa America do Sul.

A Argentina não vai guentáááá! Na sexta à noite, em Guarulhos, tiro a camisa no banheiro e troco pela do Galo. Ao chegar no portão de embarque, muitos argentinos voltando pra casa e olhando pra camisa. ¿Qual equipo és? ¿Contra quien jugarán? ¿És por la copa? ¿Que jugadores tienen que não sea Ronaldinho? Eu respondia e pensava: vão se lembrar.
Chego em Buenos Aires. Chegada do hotel, duas bandeiras nas janelas! GALOOO!! Quanta alegria. Era 01:30 ou 02:00 da manhã, e iria ao Buquebus as 7:00 para uma viagem ao Uruguai.

Sábado, 23/02/2013. Colônia – URU. Cidade de origem portuguesa, com muitas ruínas, missões, ruas lindas e museus fechados. Alugamos um carrinho de golfe e fomos andando pelas ruas. Conhecemos muita coisa. Andamos muito a pé. Bufanda (cachecol) do Peñarol de lembrança. Calle dos suspiros, bate papo com torcedor do Peñarol e almoó na beira do rio Prata. Lindo. Cenário lembra a Itália do Mario Puzzo, com o sol amarelando toda a cidade. Atleticanizamos Colonia. Atleticanizamos o Uruguai. Recomendo demais o passeio. Volta para Buenos Aires e boa noite.


Domingo, feria de San Telmo. Feria de San Galo, pois só se escutava “Galooo!!” a cada esquina, a cidade estava se pintando de preto e branco. As notícias eram as mais divertidas, de aviões lotados, fotos do aeroporto muito cheio de preto e branco, e um numero maior que o pensado de gente indo a Argentina. Não sabia a dimensão disso ainda. Fomos à casa rosada, e, no hall da entrada, uma homenagem aos mártires e libertadores da América. Tiradentes, Artigas, Bolivar, contando um pouco da história da libertação do continente. Emocionante.

Dali, fomos a puerto Madero, dar uma volta e encontrar um amigo que estava indo embora do Siga la Vaca. Recomendo o restaurante, com churrasco muito saboroso.

No hotel conhecemos o pessoal da Galo 900. Eles moram em Goiânia, e se encontram lá para assistir os jogos. Dessa turma bacana, que se tornaram amigos (ôh povo que bebe!!) pelo amor em comum com o Galo. Amizades novas, aliás, foi mato nesta viagem. Encontramos o Beto Caetano, Com o Thiago de Castro, o Cristiano Castro, o Munaier e o sogrão dele Jorge Campos. Boa resenha com boas risadas. A turma é foda. Apareceu o Kong lá, depois, e todos rumo ao hotel Madero para ver o desembarque do time. Nota negativa: jogadores entrando e a maioria nem oi torcida deu. Nem levantaram o braço. Nota positiva: Germán e os amigos argentinos convertidos em atleticanos. A turma (hinchas de Boca) foi ver o Ronaldinho e ganharam novos amigos. E nós também. Muito engraçado e muito divertido esse câmbio no hotel.

Segunda-feira chegou, dia 25/02/2013. Partimos para buscar os ingressos da turma que ainda estava em BH. Fomos em três táxis com o pessoal da Galo 900, reconhecemos o caminho e o bairro. Ao contrario da romântica Buenos Aires, Sarandí, cidade pertencente ao “Partido de Avellaneda”, é um local mais seco, lar de operários e pessoas simples. A entrada foi por uma avenida que lembra bem a Andradas, com o rio arrudas canalizado. Dessa avenida, já víamos os refletores azuis e vermelhos do “El Viaducto”. Quando o taxi virou para ir às bilheterias, a fila de atleticanos esperando que se abrisse a venda. Era bastante gente. Eu ri muito e gritei: Vocês, todos vocês, vocês são doentes! Rimos muito, e nas entrevistas para as mídias muitas piadas engraçadas. O clima estava ótimo.

Fomos dar uma volta no estádio, do lado de fora, para reconhecer e tentar entrar de alguma forma. Um nativo, muito engraçado, começa a conversar com a gente, dizendo sobre Maradona, La Pulga Messi, o jogo de amanhã e Ronaldinho. Torce pelo Boca. Pede que esperamos, e sai de casa com o pai, e este tinha a bandeira do Arse. Pausa para fotos, clima de muita amizade. Os torcedores foram bons anfitriões, com educação, bom humor e respeito.

De Sarandí, fomos a La Boca. Destino de quem é apaixonado por futebol e está em BsAs. Pra mim, a realização de um sonho: conhecer La Bombonera. O passeio único, ímpar. Senti muita vontade de acompanhar um Galo x Boca ali. Torço pelo embate. A camisa do boca entorta o varal, pesa chumbo, mas a nossa vai mostrar todo o poder Alvinegro. De la Bombonera para El Caminito. Bar de tango sem tango? “¿Que pasa?” Cerca de 30 atleticanos, muito alegres, ocuparam um bar, e, com muita cerveja, cantou e brincou. A caixa de som que tocava Gardel e Agustín Magaldi passou a tocar o hino do Galo. Que foi aquilo? Escoceses, argentinos, peruanos, franceses, todos pararam para ver a festa da massa. Passa uma troupe batucando e cantando trem das onze, trem das onze esse que se tornou vou festejar assim que cruzou com a turma. Demais! O tango estava atleticanizado! Florida, Galeria, teatro Colón, jantar e cama.

Terça-feira. Acordei. Primeiro pensamento: é hoje! Alegria por estar chegando o jogo do Galo, saudosismo por saber que eram os últimos momentos nesta viagem tão bacana. Ansiedade para o encontro no Obelisco, momento #OccupyBuenosAires. Fomos ao congresso, caminhamos por muitos lugares de BsAs, comemos as empanadas e booooora pro Obelisco. Eu disse tantas vezes que o que faríamos ali se tornaria uma lenda que o Fabin e o Zé Augusto já estavam rindo. Mas eu acreditava mesmo. Pelas informações dadas, parecia que haveria mais atleticanos que celesteyrojos. Chegada no Obelisco, sem palavras. Muita gente, muita animação. Uma senhora me aborda e diz: ¡que lindo!, ¿a quién hinchan? Digo o nome do Galo, e ela diz: ¡van a ganar seguro! Muita alegria, cerveja, e amizades. Todos aos ônibus, polícia chega, e vamos a Sarandí! Atleticanizamos a Argentina.

Chegamos e fomos logo entrando. Quatro revistas policiais antes de entrar. Quem estava de mochila precisou abri-la quatro vezes. Lá dentro, clima animado com cantoria total da massa. A torcida do Arsenal fez um belo espetáculo visual, com faixas, bandeiras e guarda-chuvas, mas não escutamos nada. Só se ouvia o “Atlético Mineiro, e dá-lhe dá-lhe Galoooo, Atlético Mineiro, dá-lhe Galoooo”. E quem ficar parado vai tomar um Tá ligado!

Começa o jogo e um susto de cara... 1 a 0 Arsenal. Falha da defesa, incrível falha e gol.
Incrível foi que a torcida, mesmo assustando com o gol, não parou de cantar um segundo. Sensacional! Atlético Mineiro, e dá-lhe dá-lhe Galoooo, Atlético Mineiro, dá-lhe Galoooo” e o time pôs a bola no chão, começou a trocar passes, e em minutos Ronaldinho colocou o Ben10 na cara do goleiro. 1 a 1. Explosão da massa, que continuou o dá-lhe dá-lhe galo! Troca o canto e na jogada de passes muito bem trocados o Tátátátátá voltou! Colocou lá dentro! A massa pirou! Mais um pouco, Jr César e Jô, que jogada! 3 a 1! Galooooo!

Uma falta e um golaço do Arse. 3 a 2. Foi quando Bernard domina a bola esticando o pé, o defensor passa lotado, e vem o chute. Achei que tinha entrado. Fiquei paralisado tamanha plasticidade da jogada. Vi o pessoal do lado fazendo o famoso uuuhhhhhhh e entendi que não tinha entrado. Que pena. Seria um gol histórico.

Histórico mesmo se tornou tudo, e o que veio a seguir mostrou isso. Segundo tempo começa e o Arse vai para cima, e digo pro Fabin: é só segurar 15 minutos que tranqüiliza. Ele já responde: “nem isso, segurar este ataque e só”. E ele estava certo. Bernard e Ronaldinho resolveram a partida. Passe preciso em um gol, e o posicionamento perfeito no outro. A Argentina conheceu o Ben 10. Alguns 12 minutos de muito nervosismo por parte do Arsenal, e pronto. Uma conformação dos argentinos, seguida de tranqüilidade do Atlético e a partida estava praticamente acabada. Um show do Ronaldinho. Passes perfeitos. E então, quando nada mais de crucial se esperava, o zagueiro do Arsenal fez uma falta que o Olé disse ser “peor que una patada”. Se esse zagueiro acertasse como ele pretendia, podia interromper a carreira do #R10. Incrível: sequer cartão amarelo, e o Ronaldinho perde de novo. Caramba. 3 seguidos. Tranqüilidade, Rei. Você vai acertar quando mais precisarmos. A massa tem fé.

Resultado: 5 a 2. Ninguém esperava. Muito felizes, mas não vamos nos precipitar. São três pontos importantes, e vamos conter a euforia porque ainda serão 12 jogos para se chegar ao tão sonhado título. Cautela, galera!

O que mais me alegrou, além do placar, foi a torcida. Cantou o tempo INTEIRO! Foi mencionada por todas as mídias argentinas, elogiada e se comportou fora da cancha. Dentro do campo, alguns problemas. Torcedores do atlético brigaram entre si por posição das faixas. A faixa da Galo 900, que estava lá pra todo o Brasil e a América do Sul ver, foi arrancada para que se colocasse outra. Sacanagem. Espaço pequeno demais para tantos atleticanos. Faltou respeito com quem chegou antes. Pregamos a amizade e o fim da violência. Atritos entre torcedores da mesma equipe devem ser completamente intolerados.

Vitória, 3 pontos importantes, e a volta saudosa porém com saudades. Saudades da família, da esposa, dos cachorros, dos amigos. Saudade de ver o Galo jogar. Mal posso esperar o domingo. #VamuGalo!
Pra concluir, agradeço e menciono novamente o Alberto Caetano, que garantiu a segurança completa dos torcedores. O que você fez, amigo, ninguém faria. O Clube Atlético Mineiro não se propôs a ajudar ninguém, e, junto com o Fred Kong, o Beto meteu a cara e fez muito por todos que fomos lá e participamos da lenda de Sarandí.
O que eu levo de tudo? Amizade. Luiz, de Pompéu, Márcio, Rafael, Sânzio e a turma de Goiânia, Beto Caetano, Tiago e Cristiano Castro, Jorge Campos, Cristian Munaier, a turma das meninas figurinhas repetidas, os Galoucuras do hotel Monserrat, todos que estiveram juntos. Um amor une a todos, e a amizade fala sempre mais alto. Valeu, amigos, e ¡Hasta luego, Buenos Aires!

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